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Restituição do IR é oportunidade para quem quer investir

21/06/2017

No primeiro momento, deve-se cobrir o cheque especial ou quitar dívidas com cartão de crédito, que cobram, respectivamente, 320% e 420% ao ano de juros, as taxas mais altas do mercado. Em seguida, com o que sobrar, investir em produtos de renda fixa.
Especialistas ouvidos pelo GLOBO avaliam que essa receita é a melhor forma de usar a restituição do IR, que começou a ser paga pela Receita Federal na semana passada. Mais seis lotes serão liberados até dezembro.
— A primeira coisa a fazer com o dinheiro é quitar as dívidas caras. Depois, é preciso pensar em fazer uma reserva financeira — explica o professor Alexandre Cabral, do Laboratório de Finanças da Fundação Instituto de Administração (FIA).
Para quem recebe até R$ 5 mil, diz Cabral, e tem perfil conservador de investidor, o ideal é aplicar em títulos do Tesouro Direto, que seguem a trajetória da taxa básica de juros (Selic). Se a restituição estiver na faixa entre R$ 5 mil e R$ 10 mil, é possível buscar aplicações um pouco mais rentáveis, como os CDBs de bancos, com liquidez diária, em que é possível sacar os recursos a qualquer momento.
— Para quem receber acima de R$ 10 mil e puder aplicar o dinheiro por um ou dois anos, também recomendo CDBs. Com esse prazo de aplicação, o retorno pode ficar entre 110% e 112% do CDI, o que é bom — afirma Cabral.
Ricardo Figueiredo, consultor do Vida Investe (programa de educação financeira da Funcesp), lembra que quem está endividado e ficou fora desse primeiro lote pode antecipar os recursos da restituição nas linhas de crédito especial oferecidas pelos bancos, cujos juros são inferiores aos de cheque especial e cartão de crédito.
— Livrar-se das dívidas nocivas, com juros muito elevados, ajuda muito no controle do orçamento e evita a inadimplência — diz Figueiredo.
No Banco do Brasil, os juros para a antecipação da restituição variam de 2,11% a 4,18% ao mês. No Bradesco, começam em 2%, e no Santander vão de 2,59% a 4,59% ao mês. No Itaú, a taxa de juros depende do relacionamento do cliente com o banco.
Para quem já tem uma reserva financeira, a restituição é uma chance de reforçá-la e, talvez, buscar uma rentabilidade maior que a da renda fixa. Luciano Mascarenhas Tavares, fundador da fintech de investimento Magnetis, observa que, em investimentos de prazo mais longo, é possível tomar um pouco mais de risco:
— A carteira de investimento pode incluir algum título privado, como CDB ou debênture (título emitido por empresas), talvez um pouco de ações e um fundo multimercado. Esses ativos vão sofrer mais oscilações, mas podem dar mais retorno.
Tavares sugere a seguinte carteira para quem tem perfil de investimento de moderado a agressivo: 10% dos recursos em Tesouro Direto, que são títulos atrelados à Selic; outros 30% em CDBs ou outros papéis privados pós-fixados. Uma fatia de 20% pode ir para títulos públicos ou privados atrelados à inflação ou prefixados (que remuneram melhor quando os juros caem). Outros 20% podem ser usados para a compra de ações, e os 20% restantes, aplicados em fundos multimercados.
Mauro Calil, fundador da Academia do Dinheiro e especialista em investimento do banco Ourinvest, também recomenda produtos com potencial de oferecer retorno melhor que a renda fixa, embora com um pouco mais de risco. Ele lembra que, com a queda da Selic, os fundos DI já não rendem mais 1% ao mês, como vinha acontecendo até recentemente:
— Hoje para render 0,8% ao mês, um fundo DI precisa ter uma taxa de administração de 0,5%. E a maior parte tem taxa superior a 1%.
Calil recomenda fundos imobiliários e de debêntures, que podem oferecer retorno mensal superior a 1%. Ele lembra que a debênture tem pouca liquidez, mas, quando se investe em um fundo com esses papéis, há regras para o saque que garantem preços muito próximos aos do mercado. O investimento inicial começa em R$ 100, ressalta.
Já os fundos imobiliários aceitam aportes iniciais a partir de R$ 80, diz Calil, o que possibilita a entrada de pequenos investidores. O senão é que esses produtos podem registrar variação negativa.
— A restituição é uma chance de experimentar produtos mais arrojados. Se o investidor tiver muito estresse, pode voltar à segurança da renda fixa sem prejuízo — ressalta Calil.


Fonte: Agência O Globo


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